segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

Alferes Ludgero José Villet, o Primeiro do Seu Nome - 1799

 

Gazeta de Lisboa  - 02/08/1799



Antes de findar este ano de 2020, fui surpreendido por um achado em Google Books sobre o tataravô Ludgero José Villet (o primeiro com este nome*), que descortinou mais uma geração de meus ancestrais portugueses das famílias Chapuzet, Villet e Peralta. Esta revelação surgiu por meio de um decreto de provimentos militares do exército português datado do dia 24/06/1799 e publicado na edição da Gazeta de Lisboa, do dia 2 de agosto do mesmo ano. 

Sei, por certidões obtidas em minhas pesquisas, que o pai da trisavó Maria Adelaide de Burgos Chapuzet Villet, casada com o trisavô Antonio Botelho Peralta, chamava-se Ludgero José Villet, nascido na freguesia de Santa Catarina, em Lisboa. O pai deste Ludgero, também, tinha o mesmo nome, Ludgero José Villet o qual, conforme consta do registro batismal, já havia falecido quando foi batizado seu filho homônimo na igreja de Santa Catarina, em março de 1805. A esposa deste primeiro Ludgero chamava-se Marianna Gertrudes Chapuzet, que era irmã do brigadeiro João da Matta Chapuzet, o qual criou o sobrinho órfão de pai e, provavelmente, sua irmã, como se seus filhos fossem.

O decreto acima revelou, para minha grata surpresa, que este primeiro Ludgero José Villet, ou seja, o avô de Maria Adelaide de Burgos Chapuzet Villet Peralta era, igualmente, oficial do exército português e, em 1799, ocupava a patente de Alferes, nas funções de quartel mestre** e secretário do Regimento de Milícias do Termo da Corte da parte Occidental, com o soldo de "10$000 por mez". Seu filho, mais tarde, seguiria seus passos no Exército, numa carreira heroica e turbulenta (vide post), até o posto de Capitão, no qual foi reformado compulsoriamente, por motivos políticos, por ato da Junta da Patuleia.

Nada sabia sobre este tataravô até agora, a não ser o seu nome, que consta do termo de batismo do seu filho homônimo. Nada sei ainda sobre sua vida pregressa, nem sobre sua morte prematura, provavelmente jovem e, talvez, ainda ocupando o posto de Alferes, naqueles tempos tormentosos das guerras napoleônicas. Por ora, ficam as dúvidas a serem esclarecidas em pesquisas futuras.


* Em minhas pesquisas encontrei três pessoas da família com o nome Ludgero José Villet: o avô, o pai e um irmão da trisavó Maria Adelaide de Burgos Chapuzet Villet Peralta. Seu pai nasceu em 1805, mas, desconheço o ano do seu falecimento. Seu irmão faleceu no Rio de Janeiro em 1884, aos 43 anos de idade, o que permite concluir que nasceu em 1841. Quanto ao avô de Maria Adelaide, tenho a informação que acabo de encontrar acima, além do registro de que já havia falecido antes de março de 1805, quando seu filho homônimo foi batizado.

**quartel-mestre: s. m. || oficial que tinha a seu cargo a recepção e a distribuição dos fundos nos corpos do exército, sob a inspeção do conselho administrativo dos mesmos. || (Dicionário Aulete online)

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

A Família Soffiatti e o Mês de Novembro - 1873, 1880 e 1890

 


Guerino Soffiatti - 1901 - Fotografia Volk

Guerino Soffiatti - ca. 1910 - Fotografia Volk 

Os bisavós Rosa Klüppel Soffiatti e Guerino Soffiatti, com suas filhas: a caçula, minha avó Olga; Leonor; Helena Carolina; e Geny, a filha mais velha (da esquerda para a direita). Não estão na foto os três outros filhos: Amanzor, Dalila e Nicolau. A foto é de 1920, defronte à casa da família Soffiatti em Itaperuçu (PR) e pertencia ao acervo de minha avó Olga Soffiatti Biscaia. 


Neste mês de novembro de 2020, há três datas significativas para a história da família Soffiatti. A primeira ocorreu há 147 anos, no dia 26/11/1873, quando os trisavós Attilio Soffiatti e Pasqua Letizia Trevisani se casaram na comuna de Correzzo, na província de Verona, Região do Vêneto, na Itália. Ela tinha 20 e ele 21 anos. Ele é o patriarca e ela a matriarca do nosso ramo da família Soffiatti no Brasil.  

Já, no dia 16/11, há 130 anos, a família Soffiatti desembarcou no porto de Paranaguá. Vieram de Santos, após um provável período de trabalho de mais de dois anos, no interior de São Paulo, em pagamento de suas passagens da Itália para o Brasil. A família Soffiatti chegou ao Brasil, em 08/03/1888, à bordo do piroscafo San Giorgio, vindos do porto de Gênova. 

Segundo os registros históricos do porto de Paranaguá, Attilio Soffiatti e sua mulher Pasqua Letizia Trevisani, chegaram ao Paraná em 16/11/1890, à bordo do vapor Rio Negro, com seus filhos Victorio, Guerrino*, Hilario e Giovanni, este último nascido no Brasil. Adquiriram terras e se estabeleceram na localidade de Itaperuçu (agora município), que era parte do antigo município de Votuverava, hoje Rio Branco do Sul.

E, no dia 13/11/2020, comemoraram-se 140 anos do nascimento do bisavô Guerino Soffiatti*, em 1880, na mesma comuna de Correzzo, que hoje faz parte da comuna de Gazzo Veronese. 

Datas importantes para a nossa família Soffiatti, que multiplicou-se por meio de seus descendentes, muitos dos quais, como eu mesmo, já não mais ostentam o sobrenome, mas, têm em seu sangue o nome de família e conservam a memória e o orgulho pela coragem e o esforço de seus ancestrais, que construíram os alicerces desta grande família. 


* Com o uso do nome no Brasil, meu bisavô, nascido Guerrino Alessandro Saturno Soffiatti, teve seu nome simplificado pela pronúncia para Guerino Soffiatti, como sempre foi conhecido. 

segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Rosinha e Willy Klüppel

Fotógrafo H.A.Volk - Final da década de 1880
1901
1909

Termo de batismo dos gêmeos Rosa e Guilherme Klüppel, na Catedral de Curitiba, em 10/11/1884.

No alto, minha bisavó Rosa e seu irmão Guilherme (Willy) Klüppel, gêmeos e filhos caçulas de Carolina e Nicolau Kluppel, em foto de fins da década de 1880. Logo abaixo, minha bisavó Rosa Klüppel Soffiatti, em foto do ano do seu casamento com meu bisavô, Guerino Soffiatti. Na foto acima, Rosa Klüppel Soffiatti, tendo ao lado esquerdo sua filha Geny*, em 1909 na festa das bodas de ouro de Carolina e Nicolau Klüppel. Rosinha e Willy Klüppel nasceram em Curitiba em 12/10/1884 e foram batizados na Catedral Metropolitana, no dia 10/11 do mesmo ano. Foram padrinhos de Rosa, sua irmã mais velha Carlota e seu marido João Klas. 

Conta a tradição familiar e a publicação Famílias Brasileiras de Origem  Germânica¹, que Guilherme Klüppel morreu assassinado numa emboscada² (vide post), quando exercia o cargo de subcomissário de polícia em Itaperuçu, no início do século passado, com cerca de vinte e sete anos. Willy Klüppel casou-se com Alayde (Alaida) Rodrigues teve duas filhas, Amélia e Aracy Klüppel. 

¹ Publicação conjunta do Instituto Genealógico Brasileiro e do Instituto Hans Staden; São Paulo, 1967; págs. 303,304 e 305.
² Guilherme Klüppel faleceu em 17/08/1911, numa emboscada mandada executar por seus adversários políticos, segundo relata o telegrama do coronel Carlos Pioli, chefe político da região, enviado ao jornal A República, órgão do Partido Republicano Paranaense, do qual Guilherme era membro ativo. Na ocasião, exercia o cargo de subcomissário de polícia do distrito de Itaperuçu, em Rio Branco do Sul (PR). Antes, havia exercido o mesmo cargo no distrito de Santa Cruz, em Cerro Azul (PR). 
* Geny Soffiatti casou-se em 24/02/1924 com Octavio da Motta Ribeiro.    

quarta-feira, 2 de setembro de 2020

A Família Soffiatti e Guaratuba: Uma História de Amor à Primeira Vista

O casario colonial de Guaratuba visto de quem chegava pela baía, em direção ao antigo trapiche. No detalhe aumentado, pode-se notar um numeroso grupo de pessoas aguardando a atracação de um barco. A casa dos meus bisavôs Rosa e Guerino Soffiatti é a penúltima à direita da foto. De modo geral, as alterações significativas neste panorama nos últimos noventa anos foram algumas casas modernizadas.  Muitas das construções à esquerda do prédio em ruínas afundaram em setembro de 1968, devido à erosão das marés causada pela posição do antigo trapiche. (Esta foto pertencia ao acervo pessoal do meu bisavô e, provavelmente, é de meados dos anos 1920. A primeira parte do trapiche de pedra foi inaugurada em 1922 e a obra seria completada alguns anos mais tarde.)

Vista da baía de Guaratuba, bem defronte à casa dos meus bisavós, no início dos anos 1930. Ao fundo da baía, no maciço à direita, está majestoso morro do Cabaraquara. Na foto, à direita, é possível notar um barco atracado no trapiche.
(clicar nas fotos para ampliar)

Guaratuba, no litoral do estado do Paraná, sempre foi para a família de Rosa e Guerino Soffiatti e depois para seus descendentes, um segundo lar. Meu bisavô apaixonou-se por essa antiga cidade balneária em meados dos anos 1920, quando começou a frequentá-la com sua família, hospedando-se na conhecida Pensão Antonieta.

Naqueles tempos chegar a Guaratuba era uma aventura que durava quase um dia inteiro de viagem e começava por trem, através da ferrovia Curitiba-Paranaguá. Inicialmente, era preciso ir de navio de Paranaguá até Guaratuba. Em 29/07/1927 foi inaugurada a "estrada da Praia de Leste" que permitiu a ligação de Paranaguá às praias do futuro balneário de Matinhos. A partir de então era possível ir de "diligência" (como era chamado um ônibus tipo jardineira) de Paranaguá até Caiobá, sendo que o trajeto entre a Praia de Leste e Matinhos se fazia pela faixa de areia dura, à beira mar, durante as vazantes da maré. Dali, a travessia da baía até a cidade de Guaratuba era por meio de canoas e, mais tarde, em lanchas. (Vide o post "Em Guaratuba...")

Esta foto (colorizada) do fim dos anos 1920 ou início dos anos 1930, mostra o trapiche já concluído, com embarcações de médio porte atracadas, que faziam rotas pelos portos do sul do Brasil, até Paranaguá. Guaratuba ainda era um pequeno vilarejo com um casario colonial, onde se chegava somente pelo mar.

No início dos anos 1930, meus bisavós adquiriram uma antiga casa térrea colonial, situada bem defronte à baía, cujas paredes tinham mais de meio metro de espessura que, segundo minha avó Olga Soffiatti Biscaia, pertencia à congregação dos padres da matriz de Nossa Senhora do Bom Sucesso. A casa foi reformada, transformando-se num sobrado que ainda existe e pertence à nossa família. Minha bisavó, Rosinha Klüppel Soffiatti, residiu permanentemente nesta casa em seus últimos anos de vida, até falecer em 1963. Em 1957, meus avós Olga e Mario Chalbaud Biscaia construíram sua própria casa, na avenida Ponta Grossa, próxima da praia. A partir de 1961, com a inauguração do ferry-boat, que até hoje faz a travessia de veículos e pessoas pela baía de Guaratuba, a cidade transformou-se num dos mais importantes balneários de férias do sul do Brasil. 

Estas vistas nostálgicas de Guaratuba em meados dos anos 1920 e início dos anos 1930, cujas fotos (exceto a terceira, encontrada na internet) pertenciam aos meus bisavós, devem ter sido a origem da paixão que a nossa família sempre nutriu por Guaratuba, que passou para as gerações seguintes, de seus filhos, netos e bisnetos.  

sábado, 8 de agosto de 2020

Os Irmãos Chalbaud Biscaia

Em pé: João e Antonio Chalbaud Biscaia. Sentados: meu avô Mário; Evaristo e Narciso Chalbaud Biscaia. (Foto de fins da década de 1920).
Maria José (Zezé) Biscaia de Macedo.
Os irmãos Chalbaud Biscaia, reunidos no aniversário de 70 anos de Narciso Chalbaud Biscaia, em 11/12/1981. Da esquerda para a direita: Narciso, João, Frederico, Evaristo e Antonio Chalbaud Biscaia. Os dois outros irmãos, meu avô Mário Chalbaud Biscaia e a tia avó Maria José Biscaia de Macedo, já eram falecidos. (Foto do acervo da prima Maria Célia Biscaia, filha do tio avô Narciso, o qual viveu mais de 90 anos). 

Os irmãos Chalbaud Biscaia, filhos de Josefina (Finita) Chalbaud Biscaia e João dos Santos Biscaia. Todos nasceram em Curitiba e residiram na rua Dr. Pedrosa, 203, em casa ainda existente no local. Tiveram destacada atuação na capital e no Paraná, em suas atividades privadas ou em cargos públicos.

João Chalbaud Biscaia foi diretor regional e conselheiro do grupo Matarazzo, além de procurador da família Matarazzo no Paraná, por mais de cinquenta anos. Foi presidente da Associação Comercial do Paraná, por dois mandatos.

Antonio Chalbaud Biscaia foi advogado, professor universitário, procurador-geral do estado e de justiça, secretário de estado e deputado federal pelos antigos PTB e PSD do Paraná, entre outros cargos públicos.

Evaristo Chalbaud Biscaia era advogado e foi vereador em Curitiba. Foi, ainda, procurador-geral do extinto IAPC (hoje parte do INSS), no Rio de Janeiro.

Narciso Chalbaud Biscaia foi, por anos, gerente da fazenda Curitiba, empreendimento modelo, pertencente à empresa Leão Junior S/A, em Jacarezinho (PR).

Mario Chalbaud Biscaia, meu avô, era comerciante. Membro da Junta Comercial do Paraná e um grande entusiasta do futebol e do associativismo. Foi um dos principais dirigentes do Clube Atlético Paranaense e um dos fundadores da Associação Paranaense de Reabilitação (APR) e do Iate Clube de Guaratuba. A sala de sessões plenárias da Junta Comercial do Paraná tem o seu nome.

Na foto ao alto não está o irmão caçula, que aparece na outra foto: Frederico Chalbaud Biscaia, médico radiologista e alto dignitário da Maçonaria paranaense. Foi um dos pioneiros da cidade de Maringá, no norte do Paraná.

Além dos irmãos, havia uma irmã, Maria José (Zezé) Biscaia de Macedo (foto do meio) casada com Tobias de Macedo Junior, ambos padrinhos de minha mãe.               

sábado, 13 de junho de 2020

A Festa de Santo Antônio em Tranqueira - 1926

Convite para a festa de Santo Antonio, publicado no jornal O Dia, em 03/06/1926
A antiga capela de Santo Antonio em Tranqueira  (foto da página da Capela no Facebook)

Junho é o mês das festas dedicadas aos santos mais queridos e populares da Igreja Católica, especialmente nas tradições portuguesas e, também, nas italianas: Santo Antônio (que é de Lisboa e de Pádua), São João, São Pedro e São Paulo, os mais festejados neste mês, em todo o Brasil. No nordeste brasileiro, acontecem as comemorações juninas mais famosas, que reúnem dezenas de milhares de pessoas em cidades como Campina Grande, no estado da Paraíba.

Para relembrar as antigas festas juninas desta data, encontrei um convite da festa do glorioso Santo Antônio de 1926, na capela consagrada ao mesmo na vila de Tranqueira, então uma localidade de Rio Branco do Sul, próxima a Itaperuçu, onde meus bisavós Soffiatti tinham uma propriedade rural e comércio de secos e molhados. A velha capela da foto ruiu em 1994 e no seu lugar foi construído um novo templo de arquitetura moderna. Atualmente, o bairro de Tranqueira pertence ao município paranaense de Almirante Tamandaré, situado na região metropolitana de Curitiba.

No convite assinado, entre outros, pela bisavó "festeira" Rosinha Soffiatti, há referência à casa deles em Curitiba, na rua Conselheiro Barradas, 112 (vide post) (atual presidente Carlos Cavalcanti) onde meu bisavô Guerino Soffiatti receberia as doações de prendas para a grandiosa festa, que aconteceria logo após a santa missa, com "excellente banda de música" e uma "grande churrascada".

O convite é também subscrito por outros "festeiros" com sobrenomes de famílias italianas tradicionais daquela região: os Chimelli e os Stocchero, estes últimos aparentados da família Soffiatti, por casamento: a tia avó Dalila Soffiatti casou-se em 05/02/1921 com Pedro Stocchero, filho de Anna e Antonio Stocchero.

Outra referência curiosa é o "trem especial" que levaria os convivas à festa, partindo às 8:30h do dia 13 de junho da estação central de Curitiba,  e retornando à Capital às 17 horas. O convite avisa que o comboio iria parar "em todas as estações e plataformas" do trajeto até Tranqueira. Naqueles tempos, as ferrovias ligavam todas as principais cidades e muitas pequenas localidades do Paraná e do Brasil.

Neste ano de 2020, quase 100 anos depois, nossas belas festas juninas com seus animados "arraiás da roça" serão apenas saudosas lembranças do passado, devido à pandemia da Covid-19 que ainda persiste no Brasil. Viva Santo Antonio, neste dia especial!!! Que sempre nos proteja e guarde!! 
      

terça-feira, 26 de maio de 2020

O Dirigível Hindenburg em Curitiba - 1936

Neste ano completam-se 90 anos da primeira viagem do dirigível alemão LZ 127 Graf Zeppelin ao Brasil, que atracou em Recife (PE), em 22 de  maio de 1930. Três dias depois, em 25 de maio, chegava ao Rio de Janeiro, então capital federal, deslumbrando os cariocas. 

Irmão mais novo do Zeppelin, o dirigível LZ 129 Hindenburg, batizado em homenagem ao ex-presidente da Alemanha, Otto Von Hindenburg, iniciou as viagens ao Brasil em 1936, como parte da propaganda nazista dirigida à América do Sul. A aeronave sobrevoou o sul do Brasil e aqui aparece nos céus de Curitiba passando sobre o antigo edifício da Universidade do Paraná, na praça Santos Andrade, em 2 de dezembro de 1936. 

No ano seguinte, em 6 de maio, foi destruída numa explosão ocorrida durante os trabalhos de atracação, na base aeronaval de Lakehurst (NJ) nos EUA. O desastre pôs fim à glamurosa era dos dirigíveis de transporte intercontinental de passageiros. A foto-postal pertencia à minha avó Olga Soffiatti Biscaia.    


sábado, 11 de abril de 2020

O Atleta Número 1 do Tijuca Tênis Clube e o Troféu Peralta

1956
1966
1936

1936

1936

Convocação da seleção carioca de basquete em 1934
Convocação da seleção carioca em 1935
Meu avô, Arthur Carlos Peralta, foi um esportista modelo, um atleta padrão em seu tempo. Destacou-se em quase todas as principais modalidades esportivas da sua época, mas, foi com o basquete que obteve suas maiores glórias e consagrou-se com renome nacional. Sua performance neste esporte foi motivo de muitos prêmios, troféus e homenagens em torneios e campeonatos durante a década de 1930, quando o circuito esportivo nacional relevante era restrito ao eixo Rio-São Paulo, com grande e óbvia ênfase para a cidade carioca, que  então era a capital da República e centro dos clubes esportivos mais importantes do Brasil.

Foi competindo pelo laureado Tijuca Tênis Clube, o famoso grêmio cajuti, um dos mais tradicionais clubes do Rio de Janeiro, que ele conquistou o maior número de prêmios e vitórias, tornando-se, oficialmente, o mais importante atleta de um longo período da história daquela agremiação. Arthur Carlos Peralta recebeu do conselho deliberativo do Tijuca Tênis Clube o título honorifico de Atleta Número 1 e, em 11 de junho de 1956, o clube instituiu em sua homenagem o Troféu Peralta, que passou a ser concedido, anualmente, aos atletas que mais se destacavam nas varias modalidades esportivas do clube e que atendessem plenamente aos critérios de dedicação, disciplina e eficiência. Desde então, o Troféu Peralta foi incorporado ao Estatuto do Tijuca Tênis Clube, no seu artigo 131, abaixo reproduzido:



quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Família Klüppel Soffiatti: Uma Casa e Quatro Gerações

A casa de Rosinha e Guerino Soffiatti em foto do final da década de 1940. Ao fundo, à esquerda na foto, é possível ver a silhueta da fachada da residência de Rosinha e Conrado Bührer Junior, na esquina oposta da rua Mateus Leme com a atual rua Presidente Carlos Cavalcanti. A casa visível no canto direito da foto pertencia à família de Alexandre Gutierrez, na época.  

A casa de duas fachadas da foto pertenceu aos meus trisavós Carolina e Nicolau Klüppel em Curitiba, situada no número 626/636 (antes número 112/114) da antiga rua conselheiro Barradas¹ (atual presidente Carlos Cavalcanti), na esquina com a rua Mateus Leme. O imóvel estendia-se até a esquina com a rua Paula Gomes. Esta casa foi herdada pelos meus bisavós Rosa Klüppel Soffiatti e Guerino Soffiatti, que adquiriram as partes dos demais herdeiros e ali passaram a residir, a partir de meados da década de 1920. 

Foi, ainda, morada de meus avós Olga e Mario Chalbaud Biscaia, nos primeiros anos do seu casamento. Nesta casa, numa noite de lua nova de inverno, com a assistência da conhecida parteira Anna Reinhardtª, nasceu minha mãe, Maria do Rocio Soffiatti Biscaia. O médico Bernardo Leinig, casado com sua tia-avó Julia Chalbaud Leinig estava presente e supervisionou o parto, na ocasião.

Ata da sessão da Câmara Municipal de Curitiba que concedeu a carta de data do terreno para Nicolau Klüppel, em 1862. 
Pelo menos parte do terreno onde a casa estava edificada fora adquirido por Nicolau Klüppel, mediante carta de data da Câmara Municipal de Curitiba, concedida em 16/01/1862, quando o logradouro denominava-se "rua nova do Saldanha". Como era comum naqueles tempos, os proprietários utilizavam-se das suas construções para suas atividades profissionais² e para residência de sua família. Costumava-se, também, alugar quando havia espaços ociosos: a oficina de ourives de Frederico Schnell³ estabeleceu-se neste local, a partir de 1866.

Relação das sapatarias de Curitiba - Almanak da Província do Paraná - 1876

Anúncio da oficina de ourives de Frederico Schnell em O Dezenove de Dezembro - 1866

Pouco antes de falecer em 1950, meu bisavô Guerino Soffiatti vendeu o imóvel. No seu lugar foi construído o edifício Mateus Leme, com quatro pavimentos, por incorporação do tio-avô Evaristo Chalbaud Biscaia, juntamente com Mario Affonso Alves de Camargo e Percy Eduardo Isaacson. É das únicas edificações daquele trecho da rua Mateus Leme que respeita um recuo para o alargamento da via que jamais ocorreu.

Na sua vizinhança residiam famílias descendentes de germânicos, quase todos aparentados com meus trisavós e bisavós: do lado oposto da rua Mateus Leme, esquina com a mesma Carlos Cavalcanti, residia a família de Rosinha e Conrado Bührer Junior (que eram sogros do tio avô Amanzor Soffiatti). Do outro lado da atual rua Carlos Cavalcanti, residia a família de Eduardo e Olga Klas Weigert (sobrinhos de minha bisavó, Rosinha Klüppel Soffiatti). Nos fundos, pela rua Paula Gomes, a casa dividia o muro lateral com a residência da família Pilotto, que ainda hoje existe no local e pertence ao governo estadual. Pelo lado direito, na rua Carlos Cavalcanti, a casa vizinha pertencia à família de Alexandre Gutierrez.

         
¹ A atual rua presidente Carlos Cavalcanti denominou-se, sucessivamente: rua Nova do Saldanha, rua do Serrito e rua Conselheiro Barradas. 

ª Anna Reinhardt nasceu na Alemanha em 1876. Era parteira prática, formada em curso promovido pela Faculdade de Medicina da Universidade do Paraná. Foi diplomada em 29/03/1915, com certificado assinado pelos médicos Nilo Cairo e Victor Ferreira do Amaral, então diretor da Universidade. Residia na rua Inácio Lustosa, 416. 

²  Nicolau Klüppel era oficial sapateiro (schuhmacher geselle), formado pela corporação de ofícios (guilda) de sua região de origem na Prússia, conforme consta dos documentos do seu embarque no porto de Hamburgo. Nesta mesma anotação consta que a passagem de navio para o Brasil foi paga pelo lavrador Bernard Schneider, que viajou no mesmo navio, com sua mulher e filhos. Em sua chegada ao porto de São Francisco (SC), em dezembro de 1856, o escrivão fez constar sua profissão como sendo lavrador

³ Friedrich (Frederico) Schnell, também nascido na Prússia, chegou ao Brasil com 25 anos, em 1862. Constou em seu registro de desembarque que era ferreiro de profissão, mas, sempre exerceu as atividades de ourives

Obs.: Muitos imigrantes alemães com formação em corporações de ofícios, declaravam que eram lavradores ou ferreiros para embarcarem para o Brasil com passagem gratuita e obterem lotes de terra. As agências de colonização exigiam que os imigrantes trabalhassem na agricultura, ou em atividades relacionadas com esta, nas terras que eram destinadas nas colônias especialmente para este fim. Entretanto, muitos imigrantes que tinham profissões de ofício, ao chegar ao Brasil fugiam para os centros urbanos maiores para exercerem suas profissões especializadas com maiores rendimentos.   
Nas antigas corporações de ofício dos países europeus que reconheciam as guildas como instituições oficiais de ensino profissional, como a Prússia, as profissões tinham três graus de formação: os aprendizes (sehrling); os oficiais (geselle) e os mestres (meister) desde a Idade Média. Os diplomas conferiam aos seus portadores prestígio profissional e salários melhores, quando empregados. As profissões organizadas em guildas eram de exercício exclusivo dos seus membros.