sexta-feira, 13 de maio de 2022

Der Heilige Rock: O Manto Sagrado de Trier (1844)

Lembrança (impressa em tecido) da peregrinação ao manto sagrado de Cristo (Heiliger Rock), que ficou em exposição pública em Trier entre agosto e setembro de 1844. (acervo pessoal de Arthur Carlos Peralta Neto)  
Na milenar cidade de Trier (ou Tréveris), na atual Alemanha (no território da antiga Prússia), conforme a tradição católica, está guardado o manto sagrado que Jesus teria usado na crucificação. Atualmente, o Santo Robe se encontra numa caixa de vidro climatizada, dentro da Catedral de São Pedro, em Trier. O Trierer Dom, construído em estilo românico foi inaugurado em 1º de maio de 1196, quando ocorreu a consagração do manto, pelo arcebispo da cidade, Johann I.   

Minha trisavó Carolina Probst, casada com o trisavô Nicolau Klüppel, teria nascido em Trier em 1841 ou, talvez, tivesse residido em Trier (*). A família do trisavô Klüppel morava nas proximidades de Trier. No ano de 1844, que consta da lembrança acima, ocorreu uma das mais conhecidas peregrinações ao manto sagrado, que ficava em exposição pública na Catedral durante estes eventos. Estas peregrinações ocorreram por 15 vezes desde a consagração do manto, em períodos distintos. A mais recente aconteceu em 2012. 

A peregrinação ao Santo Robe de 1844 foi a maior da sua história. Mais de um milhão de pessoas foram admirar o manto, no curso de sete semanas. A peregrinação ocorreu após um longo período de restrições às manifestações religiosas na Prússia, que foram liberadas por meio da assinatura de um acordo entre o rei prussiano Frederico Guilherme IV e a Igreja Católica, naquele mesmo ano.

Minha avó Olga Soffiatti Biscaia, que conheceu pessoalmente sua avó materna Carolina, ganhou dela a lembrança acima, impressa em tecido (aparentemente linho), que celebrava o ano da peregrinação em 1844 e, segundo minha avó, foi trazida com sua família, ou com a família do trisavô Nicolau, quando emigrou para o Brasil. Minha avó me presenteou com esta relíquia, bem conservada, a qual guardo com cuidado e carinho, há muitos anos. 

Neste mês de maio de 2022, comemoram-se 826 anos da consagração do manto e da inauguração da Catedral. Bons motivos para relembrar a relíquia da trisavó Carolina e a memória de minha avó Olguinha, que nos deixou no dia 28 de maio, há dezesseis anos cheios de saudades.    

(*) OBSERVAÇÕES COM BASE EM MINHAS PESQUISAS:

- Conforme a publicação "Famílias Brasileiras de Origem Germânica" (edição conjunta do Instituto Genealógico Brasileiro e do Instituto Hans Staden, 1967, pág. 303 a 305), Carolina teria nascido em Trier, em 1841 e emigrado para o Brasil em 1844, com três anos de idade. Já, segundo a certidão de casamento de Carolina e Nicolau Klüppel, na matriz de Curitiba, em 1859, ela teria nascido em Hannover. Talvez, a família dela, ou mesmo a família de Nicolau Klüppel (que residia próxima de Trier), tenha feito esta peregrinação e a relíquia foi trazida ao Brasil pelo trisavô Nicolau Klüppel. 

- Na publicação "Listas de Imigrantes", editada pelo Arquivo Histórico da Prefeitura Municipal de Joinville (SC) em 1998-99, disponível na internet, que contém as relações de imigrantes desembarcados de navios no porto de São Francisco do Sul (SC), entre 1851-1891 e 1897-1902, consta a relação da família de Carolina Probst, assim: "PROBST, C.C.F.: 32 anos, mineiro, Clausthal, Hannover, c/ mulher C.C.E. (35), nasc. Maacke, filhos F.I.A.I. ( 7 ½ ), C.F.T. (11), J.H.F.A. (3), C.A.F. (1 ¼ ), protestantes, 3ª classe. (J e L)". Desembarcaram entre 6 e 7 de outubro de 1854, do navio Emily, que zarpou do porto de Hamburgo, sob o comando do capitão A. Schmidt. Os imigrantes germânicos deste navio tinham como destino a colônia Dona Francisca, em Santa Catarina.

- O respeitado site de estudos genealógicos da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (Mórmon) familysearch.org revela em notas recentes que os pais de Carolina Probst chamavam-se Caroline Christiane Eleonore Maacke e Carl Friedrich Wilhelm Ferdinand Probst, que basicamente coincidem com as iniciais da lista de desembarque acima. A trisavó Carolina, provavelmente, está identificada com as iniciais C.F.T., com 11 anos de idade.

Seja qual for o verdadeiro ano da chegada de Carolina Probst Klüppel ao Brasil, ou o lugar onde nasceram ou viveram na antiga Alemanha, o certo e indiscutível é que a relíquia tratada neste post é genuína e foi presenteada pessoalmente pela trisavó Carolina à minha avó Olguinha, que é o motivo principal desta história de família. 

Post republicado em razão de novas pesquisas.