quarta-feira, 25 de agosto de 2010

À Memória de Um Grande Atleticano: Mario Biscaia

Dirigentes do CAP, na velha Baixada, em maio de 1938, assistindo um jogo atrás do gol dos fundos ou gol do bosque. Na primeira fila, o quarto da direita para a esquerda, é meu avô Mario Chalbaud Biscaia. Do seu lado, ao centro, João Alfredo Silva. (Foto publicada na coluna Nostalgia, do jornal Gazeta do Povo).

 A velha Baixada, num domingo de jogo, em 1949. (Foto publicada na coluna Nostalgia, do jornal Gazeta do Povo).
A Arena da Baixada, num domingo de jogo, em 2010, com a saudação da torcida ao Caldeirão. 

O atual emblema do CAP, com faixas verticais, adotado na década de 1990.
 

Carta do presidente do Clube Atlético Paranaense, João Alfredo Silva, ao vice-presidente Mário Chalbaud Biscaia, meu avô, transmitindo-lhe a presidência, em novembro de 1947, em razão de viagem ao exterior, onde ficou por alguns meses. Mario Biscaia, um torcedor apaixonado do Atlético, legou-me a paixão rubro-negra e o grande orgulho pelo trabalho voluntário que dedicou ao glorioso CAP, por mais de trinta anos e em diversos cargos, todos desempenhados com o zelo, a discrição e a modéstia que o caracterizavam. Por longos anos, foi o devotado tesoureiro do clube, numa época de muitas dificuldades financeiras, como quando da construção do ginásio da velha Baixada que se arrastou por bom tempo e só foi concluída com grandes sacrifícios e um enorme esforço de arrecadação. Dentre os cargos que exerceu, destaca-se o de diretor de futebol, durante a conquista do emblemático título estadual de 1949, quando surgiu o apelido que consagrou o time: Furacão.

Para nós, atleticanos, só existe o presente porque, no passado, muitas pessoas valorosas se empenharam na construção do futuro, permitindo à atual geração testemunhar tantas realizações. Nos dias de jogo, do meu lugar no bom e velho estádio Joaquim Américo Guimarães - a magnífica Arena da Baixada -, quase consigo ouvir a voz do meu avô e posso imaginar o seu sorriso de satisfação com o alarido entusiasmante da torcida, enchendo o estádio de vibração e alegria e quando, depois de um gol, se levanta e grita: Uh! Caldeirão !!! É lá, no Caldeirão, que aquecemos nossos corações atleticanos e cozinhamos os adversários, em fogo brando, há quase cem anos. 

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Família Klüppel: Carolina e Nicolau

Meus trisavós, Carolina Probst Klüppel e Nicolau Klüppel (foto de 1909)


A trisavó Carolina (Helena)¹ Probst Klüppel, em retrato de fins do século XIX e em fotos das décadas de 1920 e 1930. Nascida em 1841, em Trier², na Renânia (Rheinland), na antiga Prússia Ocidental, hoje Alemanha. Emigrou com seus pais para o Brasil com três anos de idade. Casou-se com Nicolau Klüppel, também imigrante alemão, nascido em Seffern³, Bitburg, na Renânia, comerciante (oficial sapateiro) e proprietário em Curitiba (PR). Nesta cidade, residiam na rua Nova do Saldanha (denominada sucessivamente: rua do Serrito, rua Conselheiro Barradas e, hoje rua presidente Carlos Cavalcanti), onde Nicolau mantinha uma oficina de fabricação de sapatos.

Relação das sapatarias de Curitiba - Almanak da Província do Paraná - 1876

O casal viveu mais de noventa anos e teve onze filhos. Na foto ao alto, os trisavós Carolina e Nicolau Klüppel, em 1909, durante a comemoração das bodas de ouro do casal, numa grande festa realizada em Vila Deodoro, atualmente Piraquara (PR), na região de Curitiba, onde passaram a residir numa propriedade rural que possuíam. Em 08/02/1894, durante a revolução federalista, o governador provisório Menezes Dória nomeou Nicolau Klüppel prefeito municipal de vila Deodoro, chefiando um governo federalista revolucionário. Durante sua curta gestão, recusou qualquer remuneração pelo cargo. O trisavô Klüppel liderou e apoiou os maragatos da região e ajudou a financiar as tropas federalistas de Gumercindo Saraiva, o que causou-lhe dissabores, posteriormente, com perseguições políticas. Provavelmente por este motivo, nos últimos anos de suas vidas, o casal Klüppel passou a residir em Ponta Grossa (PR), na casa de seu filho João Eduardo, um dos pioneiros da indústria madeireira do Paraná. Nicolau Klüppel faleceu naquela cidade, em 1921 e Carolina, em 1935.

Sua filha caçula, minha bisavó Rosa (Rosinha) Klüppel era irmã gêmea de Guilherme (Willy) Klüppel. Rosinha casou-se no dia 19/01/1901, em Piraquara, com Guerino Soffiatti, imigrante italiano e tiveram oito filhos. Minha avó Olga Soffiatti Biscaia, a mais nova dos filhos, conheceu a avó Carolina de quem ouviu muitas histórias e dela ganhou uma lembrança que trouxe da Alemanha, datada do ano em que emigrou, que hoje guardo comigo. Meus bisavós Rosinha e Guerino herdaram a casa que pertenceu a Carolina e Nicolau, em Curitiba, na antiga rua Conselheiro Barradas, hoje Presidente Carlos Cavalcanti, na esquina com a rua Mateus Leme, onde viveram por muito tempo. Nesta casa, também, residiram meus avós Olga e Mário Biscaia, no começo de seu casamento, e foi lá onde nasceu minha mãe, Maria do Rocio Soffiatti Biscaia.

¹ Em todas as certidões de batismo e de casamento, civil e religioso, de minha bisavó Rosa Klüppel, o nome de sua mãe consta como sendo, respectivamente, Carolina Klüppel e Carolina Probst. Em minhas pesquisas, não encontrei qualquer documento oficial, seja certidão civil ou religiosa, onde o nome da trisavó Carolina Klüppel contivesse o nome Helena

Todas as referências que encontrei em documentos oficiais, certidões de batismo e de casamento de seus filhos, mesmo após a vigência do registro civil republicano, constam, exclusivamente, os nomes Nicolau e Carolina Klüppel. Na certidão de óbito lavrada em Ponta Grossa em 07/01/1935, consta o nome Carolina Klüppel. Apenas a título de curiosidade, uma das irmãs mais velhas de minha avó Olga Soffiatti Biscaia chamava-se Helena Carolina Klüppel Soffiatti, minha saudosa tia Helena. Uma das filhas do casal Klüppel também chamava-se Carolina.

² A publicação "Famílias Brasileiras de Origem Germânica" (edição conjunta do Instituto Genealógico Brasileiro e do Instituto Hans Staden, 1967, pág. 303 a 305) diz que Carolina nasceu em Trier, em 1841. Já a certidão de casamento de Carolina e Nicolau, na matriz de Curitiba em 30/01/1859, revela que ela teria nascido em Hannover e se chamava Carolina Augusta Guilhermina
 
Segundo o site genealógico da Igreja Mórmon (familysearch.org) os pais de Carolina Probst eram: Caroline Christiane Eleonore Maake e Carl Friedrich Wilhelm Ferdinand Probst, originários de Hannover. Teriam chegado ao Brasil em 1854, a bordo do navio Emily, no porto de São Francisco do Sul.

³ A mesma publicação acima mencionada, indica que Nicolau Klüppel, assim como seu pai e seu irmão, nasceu na antiga Prússia, na aldeia de Seffern (hoje pertencente ao distrito de Bitburg, na Renânia-Palatinado). Nos registros de embarque para o Brasil, consta que teria nascido em Lockweiler, no Sarre, No registro de seu desembarque no porto de São Francisco do Sul (SC), consta referência a Welschbillig, município do distrito de Trier-Saar, na Renânia-Palatinado. Contudo, este último pode ser o lugar de onde ele veio ou onde residia antes do seu embarque para o Brasil, porque não há expressa referência como lugar de nascimento.
  

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

No Velho Guaribu: Familia Peralta

A trisavó Leocádia Calvet de Avellar Simões entre seus netos, na varanda do velho casarão do Guaribu, em fins da década de 1930. Nos dois cantos superiores da foto estão Arthur e Dyrce Peralta. 
Debruçados sobre a barragem do açude do Guaribu: meu avô Arthur Carlos Peralta, tendo à esquerda minha avó Dyrce e, ao lado desta, a tia-avó Herundina Nídia Peralta.











 
Os jovens da família Peralta, na Fazenda do Guaribu, em Avelar, município de Paty do Alferes (RJ) em meados da década de 1930. Situada na serra fluminense, foi fundada em fins do século XVIII pela família Avellar, nossos antepassados. Seu fundador, o tenente Antonio Ribeiro de Avellar foi testemunha de defesa de Tiradentes e este depoimento consta dos famigerados "autos de devassa" da Inconfidência Mineira. Os Ribeiro de Avelar eram pioneiros cafeicultores no Brasil e possuíam inúmeras fazendas ao longo do vale do rio Paraíba do Sul. As terras da Fazenda do Guaribu ainda em estão mãos da família Peralta, alguns dos quais lá residem.

Na foto ao alto, no meio dos seus netos, aparece minha trisavó Leocádia Calvet de Avellar Simões, sentados nos bancos em pedra de cantaria, da grande varanda do casarão, que se debruçava sobre o vale. Nesta foto, também, aparecem meus avós, nos dois cantos superiores. Na foto seguinte, meus avós Dyrce e Arthur Carlos Peralta aparecem como terceiro e quarto da esquerda para a direita, mergulhados no velho açude que era destinado, no passado remoto, a mover um dos primeiros geradores elétricos da região. Ao lado esquerdo de Dyrce Peralta está minha tia-avó, Herundina Nídia, que residia no Guaribu e alguns de seus filhos ainda moram lá. Nas demais fotos, minha avó aparece em primeiro ou segundo plano em várias delas. Na foto logo acima, aspecto geral da sede da fazenda do Guaribu, em meados da década de 1930, quando ainda existiam, diante do casarão, três das quatro palmeiras imperiais originais.