quinta-feira, 6 de outubro de 2022

Outubro de 1962 em Washington (DC): A Ameaça Nuclear



Essas fotos registram dois momentos - antes e depois - da conhecida "Crise dos Mísseis em Cuba", em outubro de 1962. No dia 14 de outubro de 1962, os EUA anunciaram ao mundo que a URSS estava instalando mísseis nucleares na ilha de Cuba, apontados para o território americano, o que causou a mais séria ameaça à paz mundial, desde o fim da segunda guerra. Nessa ocasião, meu avô, à época coronel aviador, Arthur Carlos Peralta e sua família, residiam em Washington, D.C., onde ele exercia o cargo de adido aeronáutico nos EUA e delegado brasileiro na Junta Interamericana de Defesa da Organização dos Estados Americanos (OEA). 

Foram dias de incertezas, em plena guerra fria. Devido ao estado de alerta decretado na capital americana, as autoridades promoviam constantes treinamentos de evacuação de casas e edifícios, a qualquer hora do dia ou da noite, ao soar das sirenes. Meus avós moravam próximos da Casa Branca, na Connecticut Avenue, 4600 e minha avó, Dyrce Peralta, me contava, que eles passaram momentos de grande aflição e angústia, neste período.  

A primeira foto, ao alto, foi feita em 12/10/1962, dois dias antes do início da crise dos mísseis, numa recepção aos membros do Interamerican Defense College, no forte Lesley J. McNair, após a inauguração das novas instalações do IDC naquela base militar que, também, sediava o National War College. A outra, uma recepção no clube dos oficiais do IDC, no mesmo local, em 07/11/1962,  dias após findar o episódio em Cuba, que deixou o mundo muito próximo de um confronto nuclear. Para nossa geração é difícil imaginar quão perto o mundo esteve de um conflito atômico*, por longos treze dias, há exatos sessenta anos.

Infelizmente, seis décadas depois, a sombra da ameaça nuclear está de volta aos nossos dias, com riscos crescentes, em virtude da perigosa escalada do conflito militar entre a Rússia e a Ucrânia, que se arrasta ao longo deste ano, sem quaisquer perspectivas de uma solução pacífica.  

* Muitos anos depois dos acontecimentos, documentos secretos e declarações de líderes soviéticos revelaram que a URSS jamais enviou os dispositivos que permitiriam a detonação dos tais artefatos nucleares, porque desconfiava das intenções do líder cubano.