terça-feira, 11 de abril de 2017

Família Soffiatti Biscaia: A Guaratuba de Outrora

A Igreja Matriz de Nossa Senhora do Bonsucesso, no início da década de 1930.
Parentes e amigos da família Soffiatti, em Guaratuba, em 1930. Minha avó Olga Soffiatti Biscaia é a primeira sentada à esquerda. Ao fundo, o morro do Brejatuba, ainda sem a estátua do Cristo, erigida em 1953.
Do lado direito, em pé: meus avós Mario e Olga Biscaia, com minha madrinha, Vera Regina, no colo. Em pé: à esquerda, Henrique de Mattos Guedes, sua mulher Rosinha de Mattos Guedes e a filha Iná. No centro, em pé: Geny Soffiatti da Motta Ribeiro. A criança sentada na areia é minha mãe Maria do Rocio Biscaia. Do seu lado esquerdo, a prima Nilce Soffiatti. Sentados, à direita, estão: Neudy de Mattos Guedes e Neuza Soffiatti da Motta Ribeiro de Mattos Guedes, filha de Geny Soffiatti da Motta Ribeiro, irmã de minha avó, e de Octavio da Motta Ribeiro. Foto de 1944.
Minha avó Olga Biscaia à direita e a tia-avó Diva Bührer Soffiatti, ao centro. Atrás, Laura Klüppel, prima de minha avó. Foto do início da década de 1940.

Meus avós Olga e Mario Chalbaud Biscaia, em trajes de saída de banho, no início dos anos 1940.
Agachado, Carlos Orlando (Xanga) Loyola, com sua mulher e prima de minha avó, Yara Vianna Loyola, atrás dele. Em pé, à direita, minha avó Olga Biscaia. A criança no carrinho é minha mãe, Maria do Rocio Biscaia. A criança à direita é o seu primo Normando Guerino Soffiatti. Foto de 1941.
Nas duas fotos acima, minha avó Olguinha e minha mãe, Maria do Rocio Biscaia, em 1941. À direita, o casal Yara e Carlos Orlando Loyola (Xanga), ela prima de minha avó.
Minha avó Olga Biscaia e minha madrinha Vera Regina Biscaia Leme, cobertas de areia. Em pé, o sobrinho e afilhado dos meus bisavós, Everaldo Trevisani e, ao seu lado, minha mãe Maria do Rocio Biscaia, em fins dos anos 1940.

 Eu, no colo de minha avó Olga Biscaia. Ao lado, minha bisavó Rosinha Klüppel Soffiatti e meu tio Mario Chalbaud Biscaia Junior, na varanda da casa de Guaratuba, em julho de 1962. Ao fundo, vê-se a varanda da casa vizinha, pertencente aos meus tios-avós, Zezé e Tobias de Macedo Junior.

 A entrada da bela baía de Guaratuba: à direita, o cais do ferry-boat; à esquerda, a ilha do Rato e, ao fundo, Caiobá.

A baía de Guaratuba, emoldurada pela Serra do Mar, ao fundo.
Conheço Guaratuba, no litoral do Paraná, desde que posso me lembrar. Estive lá pela primeira vez em julho de 1962, com seis meses de idade, na casa de meus avós maternos, Olga e Mario Chalbaud Biscaia, na avenida Ponta Grossa, 1383 (antes número 1333), próxima à praia. A casa - que hoje não mais existe e deixou uma enorme saudade - foi construída em 1957 e hospedou cinco gerações da família Soffiatti Biscaia, durante quase cinquenta anos de temporadas inesquecíveis. 

Situada num amplo terreno, era espaçosa e confortável. Tinha paredes externas de lambris de madeira dupla horizontal (como as casas norte-americanas) e era pintada de marrom, com janelas, portas e colunas brancas por fora. Por dentro, tinha as cores da moda da época de sua construção: a sala grande era verde clara e havia quatro quartos, um azul; outro verde-escuro; outro amarelo e o quarto rosa, que pertencia aos meus avós. A cozinha era vermelha. Nos fundos, havia uma edícula com garagem e mais dois quartos, no mesmo estilo da casa. Mais tarde, meu tio, Arthur da Silva Leme Neto, mandou construir uma nova e ampla edícula nos fundos do terreno, com uma churrasqueira. Nessa casa, desfrutei de quase todas as férias de minha infância e juventude, por dezenas de verões e invernos.

A casa ao lado, construída pouco antes e projetada pelo famoso arquiteto paranaense Lolô Cornelsen, pertencia aos tios-avós, Maria José (Zezé) Biscaia de Macedo e Tobias de Macedo Junior, padrinhos de minha mãe, Maria do Rocio Soffiatti Biscaia. Tia Zezé era irmã de meu avô Mário Biscaia e eram inseparáveis. Por muitos anos, não existiu muro entre estas casas. Foi este mesmo tio avô, apelidado Biluzinho, que atravessou pela primeira vez um automóvel pela baía de Guaratuba, em cima de uma balsa improvisada, em meados da década de 1940.

Conheci o balneário já na era do ferry-boat, que ainda hoje é o único meio de transporte de veículos e pessoas entre Caiobá e Guaratuba e foi inaugurado em 1960. Sempre fiquei maravilhado com a travessia dessa linda baía, quando criança. As embarcações eram batizadas com nomes de rios do Paraná: Iguaçu, Tibagi, Ivaí, estes os mais antigos de que me lembro. Depois vieram os maiores e mais modernos: Piquiri, Guaraguaçu e Nhundiaquara.

Antes do ferry só se chegava à cidade de carro pela rodovia Garuva-Guaratuba, através de Santa Catarina. A estrada foi rasgada no fim dos anos 1940 e inaugurada em 1950 e, até meados da década de 1970, não era asfaltada. Muito antes, desde a infância, minha avó Olguinha Biscaia já frequentava Guaratuba com seus pais, Rosinha e Guerino Soffiatti. Iniciaram suas idas a Guaratuba na década de 1920 e, pouco depois, adquiriram sua própria casa defronte à baía. Naqueles tempos, a travessia da baía se fazia em canoas, desde a prainha de Caiobá.

Guaratuba só despertou para o turismo, tornando-se um importante balneário, depois da segunda guerra mundial, quando foram finalmente erradicados os focos de malária (ou maleita, como dizia minha avó) que infestava o litoral paranaense. Até fins da década de 1940, nossa família só frequentava Guaratuba durante o inverno, quando não havia mosquitos. Para nós, a antiga cidade litorânea era um segundo lar. Minha bisavó Rosinha Klüppel Soffiatti, após o falecimento do bisavô Guerino Soffiatti, passou a residir permanentemente no balneário, nos seus últimos anos de vida, onde era muito querida e tinha inumeráveis afilhados.

As fotos acima, em cenários bucólicos e de praia quase deserta, onde aparecem meus avós, familiares e amigos, falam por si mesmas desses longínquos primeiros tempos de Guaratuba como cidade balneária, pelos anos de 1930 e 1940. Nas fotos acima, a bela baía de Guaratuba, na atualidade.


Publicado em 19/03/2011.