sábado, 16 de outubro de 2010

A Velha Base Aérea do Bacacheri

O velho prédio do comando da base aérea do Bacacheri, em Curitiba. Na foto ao alto, vista da alameda frontal, em fins da década de 1940, quando a torre de controle parecia com uma cidadela de fortaleza medieval. Em pé, está meu tio Luiz Antonio Peralta, em frente à pérgola que ainda existe por lá. A outra, vista do pátio de aeronaves, com a torre de controle já reformada, com grandes janelões de vidro e exibindo o número do 12º Grupo de Aviação. Em primeiro plano aparece um bravo Vultee BT-15 Valiant (o Vultizinho), aeronave de treinamento básico da FAB, que possuía 122 destes aparelhos, entre 1942 e 1956.

A unidade aérea do bairro do Bacacheri iniciou suas atividades como 5º Regimento de Aviação do Exército, estabelecido pelo decreto 22.591 de 29/03/1933, quando a aviação era uma das Armas do Exército, instituída em janeiro de 1927 e, mais tarde, incorporada ao ministério da Aeronáutica, criado em 1941. A Arma de Aeronáutica do Exército e o Corpo de Aviação da Marinha  tornaram-se a Força Aérea Brasileira, em maio de 1941.

Durante a segunda guerra mundial, o 5º Regimento de Aviação passou a ser constituído pelo 1º Grupo de Caça e pelo 3º Grupo de Bombardeio Picado, conforme decreto-lei 6.926 de 05/10/1944, que contou com a participação de meu avô, na elaboração do plano, o qual transformava a unidade em base de interesse estratégico para a FAB. Contudo, o Grupo de Caça sequer foi organizado e os aviões que foram destinados ao Grupo de Bombardeio Picado, os Vultee A-35 Vengeance, adquiridos dos EUA sob o regime do lend-lease, foram condenados pelas autoridades aeronáuticas e proibidos de voar, tendo sido desmontados e inutilizados. Assim, de fato, estes grupamentos bélicos jamais funcionaram em Curitiba.

Em 1947, foi extinto o 5º Regimento de Aviação e na base aérea do Bacacheri, sob comando do meu avô, desde junho de 1946, foi criado o 12º Grupo de Aviação. No início da década de 1950, passou a sediar a Escola de Oficiais Especialistas e de Infantaria de Guarda (EOEIG), que funcionou até seu fechamento, nos primeiros anos da década de 1980.

Em várias ocasiões, a unidade aeronáutica do Bacacheri esteve ameaçada de extinção e meu avô, que a comandou por diversas vezes, foi sempre o principal responsável pela sua continuidade. Na década de 1980, após o fim da EOEIG, a base esteve muito próxima do fechamento definitivo e foi outro de seus ex-comandantes que a salvou: o brigadeiro Délio Jardim de Mattos, quando ministro da Aeronáutica do governo João Figueiredo, determinou que lá fosse instalado o CINDACTA II, inaugurando uma nova fase para o antigo campo de aviação.

Nesse lugar, consolidei meu amor pela aviação, passando horas a fio na torre de controle ou nos hangares, aprendendo tudo sobre  o assunto, com os controladores e mecânicos, ou mesmo, à bordo de um veterano Douglas C-47 (C-53-DO), um belíssimo Dakota, prefixo PP-EDL (dos poucos aviões militares com matrícula civil e que pertencia ao governo do Paraná, transferido para a FAB em agosto de 1965), na companhia do coronel-aviador João Batista de Souza Maceno, um dos que me ensinaram a voar e foi comandante interino da base. Lembro-me, ainda, de outros comandantes saudosos: o brigadeiro Mário Calmon Eppinghaus; o brigadeiro Paulo Costa, quem mandou colocar lombadas na vila dos oficiais; e o brigadeiro Saulo de Mattos Macedo.

Passava tardes inteiras, clandestinamente, naquela velha e querida base, observando tudo, até ser descoberto e convocado à presença do comandante, o brigadeiro Nelson Dias de Souza Mendes que, após um pito, autorizou minhas visitas, desde que me apresentasse ao chegar e ao sair, ao subcomandante, o bonachão coronel-aviador Haroldo Luiz da Costa. Quando dos meus exames médicos iniciais, no Bacacheri, após ter sido aprovado no vestibular da EPCAR de Barbacena, todos os oficiais, controladores e mecânicos da base, com quem muito aprendi, estavam lá, torcendo por mim.

Apesar de todas as glórias, o velho e bom Bacacheri não foi o campo de aviação mais antigo da cidade. Por coincidência do destino, foi a chácara da família Biscaia, situada nos arrabaldes do bairro do Portão.                     

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Meus Avós: Arthur e Mario

Arthur Carlos Peralta

Mario Chalbaud Biscaia















Mario e Arthur, no casamento de meus pais,
no Clube Curitibano, em 1961.
Meus avós, Arthur Carlos Peralta e Mario Chalbaud Biscaia. Personalidades muito diferentes, tinham em comum, além de netos, a honradez, a alegria de viver e o amor à família e ao esporte. Arthur era torcedor do Fluminense e, na capital paranaense, do Coritiba Football Club. Mario era Atleticano roxo.  Um carioca da gema e um curitibano nato.  O primeiro amava o basquete, o outro o futebol. De Arthur herdei o nome, de Mário, a paixão pelo Clube Atlético Paranaense. Vidas fecundas e dignas, deixaram um legado de realizações e um incontável número de amigos e admiradores. Duas almas iluminadas que muito cedo se foram. Uniram suas vidas para sempre na sua descendência em comum. Para todos os seus, ficarão as lembranças, o orgulho e a saudade.

sábado, 2 de outubro de 2010

Família Chalbaud Biscaia: João e Finita

Meus bisavós Josefina (Finita) Chalbaud Biscaia e João dos Santos Biscaia, em fotos dos anos 1920. Ela, nascida no Rio de Janeiro em 1892 e falecida em Curitiba em 1972. Ele, nascido em 1881, em Curitiba, e falecido em 1932, na mesma cidade. Seu pai que, também, se chamava João dos Santos Biscaia, foi vereador e um dos próceres do Partido Liberal, em Curitiba, na segunda metade do século XIX. Sua mãe, Maria José Ribeiro Biscaia, procedia de uma longa linhagem, desde os fundadores de Curitiba, no século XVII. 

Segundo os historiadores David Carneiro e Francisco Negrão, a família de João dos Santos Biscaia é uma das mais antigas famílias desta cidade, descendendo de Mateus Leme e Baltazar Carrasco dos Reis, que fundaram, em fins do século XVII, a vila de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, atual Curitiba. João dos Santos Biscaia era funcionário do comércio e bancário.