quarta-feira, 2 de setembro de 2020

A Família Soffiatti e Guaratuba: Uma História de Amor à Primeira Vista

O casario colonial de Guaratuba visto de quem chegava pela baía, em direção ao antigo trapiche. No detalhe aumentado, pode-se notar um numeroso grupo de pessoas aguardando a atracação de um barco. A casa dos meus bisavôs Rosa e Guerino Soffiatti é a penúltima à direita da foto. De modo geral, as alterações significativas neste panorama nos últimos noventa anos foram algumas casas modernizadas.  Muitas das construções à esquerda do prédio em ruínas afundaram em setembro de 1968, devido à erosão das marés causada pela posição do antigo trapiche. (Esta foto pertencia ao acervo pessoal do meu bisavô e, provavelmente, é de meados dos anos 1920. A primeira parte do trapiche de pedra foi inaugurada em 1922 e a obra seria completada alguns anos mais tarde.)

Vista da baía de Guaratuba, bem defronte à casa dos meus bisavós, no início dos anos 1930. Ao fundo da baía, no maciço à direita, está majestoso morro do Cabaraquara. Na foto, à direita, é possível notar um barco atracado no trapiche.
(clicar nas fotos para ampliar)

Guaratuba, no litoral do estado do Paraná, sempre foi para a família de Rosa e Guerino Soffiatti e depois para seus descendentes, um segundo lar. Meu bisavô apaixonou-se por essa antiga cidade balneária em meados dos anos 1920, quando começou a frequentá-la com sua família, hospedando-se na conhecida Pensão Antonieta.

Naqueles tempos chegar a Guaratuba era uma aventura que durava quase um dia inteiro de viagem e começava por trem, através da ferrovia Curitiba-Paranaguá. Inicialmente, era preciso ir de navio de Paranaguá até Guaratuba. Em 29/07/1927 foi inaugurada a "estrada da Praia de Leste" que permitiu a ligação de Paranaguá às praias do futuro balneário de Matinhos. A partir de então era possível ir de "diligência" (como era chamado um ônibus tipo jardineira) de Paranaguá até Caiobá, sendo que o trajeto entre a Praia de Leste e Matinhos se fazia pela faixa de areia dura, à beira mar, durante as vazantes da maré. Dali, a travessia da baía até a cidade de Guaratuba era por meio de canoas e, mais tarde, em lanchas. (Vide o post "Em Guaratuba...")

Esta foto (colorizada) do fim dos anos 1920 ou início dos anos 1930, mostra o trapiche já concluído, com embarcações de médio porte atracadas, que faziam rotas pelos portos do sul do Brasil, até Paranaguá. Guaratuba ainda era um pequeno vilarejo com um casario colonial, onde se chegava somente pelo mar.

No início dos anos 1930, meus bisavós adquiriram uma antiga casa térrea colonial, situada bem defronte à baía, cujas paredes tinham mais de meio metro de espessura que, segundo minha avó Olga Soffiatti Biscaia, pertencia à congregação dos padres da matriz de Nossa Senhora do Bom Sucesso. A casa foi reformada, transformando-se num sobrado que ainda existe e pertence à nossa família. Minha bisavó, Rosinha Klüppel Soffiatti, residiu permanentemente nesta casa em seus últimos anos de vida, até falecer em 1963. Em 1957, meus avós Olga e Mario Chalbaud Biscaia construíram sua própria casa, na avenida Ponta Grossa, próxima da praia. A partir de 1961, com a inauguração do ferry-boat, que até hoje faz a travessia de veículos e pessoas pela baía de Guaratuba, a cidade transformou-se num dos mais importantes balneários de férias do sul do Brasil. 

Estas vistas nostálgicas de Guaratuba em meados dos anos 1920 e início dos anos 1930, cujas fotos (exceto a terceira, encontrada na internet) pertenciam aos meus bisavós, devem ter sido a origem da paixão que a nossa família sempre nutriu por Guaratuba, que passou para as gerações seguintes, de seus filhos, netos e bisnetos.