A família de Guerino Soffiatti e amigos em Guaratuba, no litoral do Paraná, no inverno de 1941. Nesta foto, pertencente ao meu acervo, do lado esquerdo, de óculos, está meu bisavô Guerino Soffiatti. Ao seu lado, a tia-avó Diva Bührer Soffiatti, minha avó Olga Soffiatti Biscaia, minha bisavó Rosinha Klüppel Soffiatti e a tia-avó Helena Carolina Soffiatti. No colo de minha bisavó, está minha mãe, Maria do Rocio Soffiatti Biscaia. Atrás, de chapéu, o conhecido pintor Guido Viaro, amigo da família que passava temporadas hospedado na casa de Rosinha e Guerino, em Guaratuba, com seus familiares.
Ao longo dessas temporadas em Guaratuba, Guido Viaro passava o tempo pintando paisagens locais, sendo que algumas dessas obras foram presenteadas à nossa família e se encontram em nosso acervo, até os dias atuais. Uma delas, datada de 1946, retrata minha mãe, ainda criança, sentada num banco ao lado de uma vizinha, em frente à casa dos meus bisavós, tendo por pano de fundo a belíssima baía de Guaratuba. Outra retrata o plano geral da baía de Guaratuba, visto da casa de meus bisavós, contendo o antigo trapiche e ao fundo a ilha do Rato e o morro do outro lado da baía, onde anos mais tarde seria construído o porto de passagem para a travessia Caiobá-Guaratuba por meio do ferry-boat.
Naquele tempo, a temporada de praia acontecia durante o inverno e era uma oportunidade para fugir do rigoroso frio curitibano. No verão, a "maleita" infestava nosso litoral e só foi erradicada após a segunda guerra mundial, com o despejo aéreo de enormes quantidades de inseticidas altamente tóxicos que afetaram a saúde de centenas de habitantes da região. Depois da erradicação dos focos desses insetos, as temporadas de veraneio no litoral começaram a atrair um número crescente de pessoas. Hoje milhões de veranistas lotam a orla litorânea do Paraná, todos os anos.
Guerino Soffiatti era frequentador de Guaratuba desde meados da década de 1920. Inicialmente, hospedava-se com sua família na antiquíssima Pensão Antonieta, após uma longa e atribulada viagem de trem à Paranaguá e de "diligência" até a prainha de Caiobá, onde embarcavam em canoas - pertencentes a um alemão de sobrenome Krüger - rumo à Guaratuba. Para avisar os canoeiros atracados em Guaratuba, da chegada dos viajantes que desejavam fazer a travessia, soltavam rojões na prainha de Caiobá.
Os Soffiatti adquiriram a sua casa por volta de 1930, diante da baía de Guaratuba e partir disso, viajavam regularmente ao balneário. A casa era enorme, com dois pavimentos, e estava sempre cheia de convidados, parentes e visitantes. Segundo minha avó, a cozinha funcionava sem parar, o dia inteiro, para atender aos comensais. Essa casa ainda existe e pertence à família Soffiatti.
Além de amigos, meu bisavô Guerino Soffiatti e Guido Viaro, eram ambos italianos da região do Vêneto: Guerino nasceu na província de Verona e Viaro na província de Rovigo. Outra curiosidade sobre aqueles tempos, é que meu bisavô jamais abjurou sua cidadania italiana e nunca se naturalizou brasileiro. Por isso, após a declaração de guerra do Brasil aos países do Eixo em agosto de 1942, ele precisava pedir autorização às autoridades policiais e obter um "salvo-conduto" para deslocar-se ao litoral, considerado área de segurança nacional em tempos de guerra. Conservando a cidadania italiana, transmitiu-a aos seus descendentes.
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