quarta-feira, 9 de junho de 2021

Arthur Quirino Simões - 160 Anos - Meu Trisavô e Minhas Raízes Paulistas


Assento do batismo de Arthur Quirino Simões (in Familysearch.org).


Arthur Quirino Simões, meu trisavô, na foto ao alto, sentado à esquerda, e embaixo no detalhe. Ao lado dele estão sua filha e seu genro, meus bisavós: Herundina de Avellar Simões Peralta e Waldomiro Villet Peralta. Em seguida, está minha avó Dyrce Miranda Peralta, tendo no colo Paulo Fernando Peralta, meu tio. A criança atrás dos meus bisavós, é meu pai, Carlos Henrique Peralta. Meu avô Arthur Carlos Peralta é o mais alto, ao fundo. A foto foi tirada no dia 18/09/1939, data em que meus bisavós comemoravam 30 anos de seu casamento.

Nas minhas incursões em pesquisas genealógicas familiares, pelos vários e apaixonantes ramos de famílias das quais descendo, vou pouco a pouco descortinando pedaços do passado e seus personagens, que parecem tão distantes no tempo, mas, estão muito mais próximos do que podemos imaginar.

Este é caso de ARTHUR QUIRINO SIMÕES, meu trisavô, casado com a trisavó LEOCÁDIA CALVET DE AVELLAR, pai da bisavó HERUNDINA DE AVELLAR SIMÕES PERALTA e avô do meu avô ARTHUR CARLOS PERALTA. A proximidade começa pelo meu próprio nome, que herdei de meu avô: ARTHUR CARLOS, o qual não é mera coincidência, porque foi dado pelos meus bisavós ao meu avô em homenagem ao trisavô ARTHUR e ao irmão deste, CARLOS QUIRINO SIMÕES. Conforme consta da certidão, foi o próprio Arthur Quirino Simões que, certamente muito orgulhoso, dirigiu-se ao Registro Civil para declarar o nascimento do primeiro neto, homônimo (ou quase).

Arthur Quirino Simões, nasceu em Campinas, então província de São Paulo, presumivelmente, no dia 4 de setembro de 1861, dado que o assento de batismo, em 04/11/1861, na matriz de Nossa Senhora da Conceição, firmado pelo vigário, o conhecido padre Joaquim José Vieira, diz que o batizando tinha dois meses de idade, naquela data. Seus pais pertenciam a tradicionais e antigas famílias de Campinas e região: os Quirino dos Santos Simões e os Paula Camargo. Era filho do coronel José Quirino dos Santos Simões e de Anna Eufrosina de Paula Camargo, cujas famílias se estabeleceram na região de Campinas em meados do século XVIII ou mesmo, antes disso. 

Seu pai era comerciante, fazendeiro de café e oficial superior da Guarda Nacional*. Entre os muitos irmãos de José Quirino estavam: Francisco Quirino dos Santos, Bento Quirino do Santos e Damiana Quirino dos Santos, que se casou com o futuro senador Francisco Rangel Pestana, todos de grande projeção política e social em Campinas e na Capital paulista, em fins do século XIX e no início do século XX, como escritores, juristas e políticos, abolicionistas e republicanos.  

Arthur Quirino Simões estabeleceu-se no Rio de Janeiro, na ultima década do século XIX, por motivos que ainda desconheço. Foi proprietário, em sociedade com seu irmão Olegário Quirino dos Santos**, de um conhecido comércio de tecidos finos importados, no mesmo local onde antes funcionou idêntico negócio de Cândido Gaffré e Eduardo Palassin Guinle, amigos e sócios de seu futuro sogro, João Gomes Ribeiro de Avellar, o Jaco. Os três fundaram a Gaffré, Guinle & Cia. que seria a precursora da poderosa Companhia Docas de Santos, que se tornaria uma das maiores empresas da América latina. Um post que publiquei neste blog (vide post) conta a história de Jaco, desta sociedade e seus desdobramentos.  

Mais tarde, Arthur trabalhou por algum tempo na firma Gaffré, Guinle & Cia. e, depois, passou a administrar a fazenda do Guaribu, que havia sido herdada pela trisavó Leocádia de Avellar Simões.

Leocádia e Arthur casaram-se no dia 4 de setembro de 1891, na igreja de São João Batista da Lagoa, no Rio de Janeiro, tendo como padrinhos Cândido Gaffré e Eduardo P. Guinle. Nesta ocasião, os pais de Leocádia, Emerenciana Calvet de Avellar e Jaco, haviam falecido alguns meses antes, prematuramente, vítimas da febre tifoide. 

O casal teve dois filhos: Herundina de Avellar Simões (minha saudosa bisavó Neném, como todos nós a chamávamos) e José Quirino de Avellar Simões, conhecido pelo apelido de tio Juca, engenheiro formado na Escola Nacional de Engenharia, que passou a residir em Recife. Foi professor catedrático da cadeira de estradas de ferro e de rodagem, na Escola de Engenharia da Universidade Federal de Pernambuco e diretor do DER daquele estado.

Quando disse no início que os personagens, nossos antepassados, estão mais próximos do que pensamos, é porque o trisavô Arthur Quirino Simões viveu 96 anos, falecendo em 02/11/1956. Conviveu com sua mulher e com todos os seus filhos, netos e bisnetos, por largo tempo. Meu pai contava muitas histórias sobre o mesmo e do convívio, na fazenda do Guaribu, com ele e com a trisavó Leocádia de Avellar Simões, que também faleceu muito idosa. Ele não me conheceu, porque nasci alguns anos após sua morte, mas, conheceu alguns trinetos nascidos antes disso.

Quando as histórias de nossos antepassados são contadas por pessoas que conviveram muito próximos deles, como meus bisavós, avós, meu pai e meus tios, parece que tudo aconteceu ontem e que nós mesmos falamos deles como se os tivéssemos conhecido, pessoalmente. Esta é uma das alegrias e dos encantos das histórias de família, que não deixam que esses personagens morram jamais, nas nossas lembranças.

* José Quirino dos Santos Simões era tenente-coronel da Guarda Nacional e foi promovido a coronel, no ato de sua reforma, publicado no D.O.U de 25/12/1890.  

** A firma denominava-se Quirino Irmãos & Cia. e dela fazia parte, como comanditária, a sociedade Gaffré, Guinle & Cia. A loja situava-se na rua da Quitanda, número 11 e depois número 32.