sexta-feira, 14 de março de 2025

Família Peralta: Um Dia de Sol em Niterói, Há Muito Tempo Atrás



Os jovens da família Peralta, na praia de Icaraí, na altura da rua general Pereira da Silva, em Niterói (RJ), ainda capital do estado do Rio, em meados da década de 1930. Em cima, deitada com as mãos sob o queixo está minha avó, Dyrce Miranda Peralta e, em pé à esquerda, meu avô, Arthur Carlos Peralta. Na foto embaixo, minha avó é a segunda da esquerda para a direita, e na foto logo acima, com as mãos nos joelhos. 

A família Peralta tem suas raízes em Paty do Alferes e Miguel Pereira, no Estado do Rio de Janeiro. Mais tarde, a maior parte dos descendentes de meus bisavós, Valdomiro Villet Peralta e Herundina de Avellar Simões Peralta, estabeleceu-se em Niterói, onde eu nasci. Nosso ramo da família Peralta no Brasil teve início com Antonio Botelho Peralta, médico, nascido em Portugal, na vila de Resende (Mirão), no Viseu; e com Maria Adelaide de Burgos Chapuzet Villet Peralta, nascida na cidade do  Porto, onde se casaram em Portugal, dando origem ao nosso ramo fluminense da família Peralta.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

Guaratuba: A Família Soffiatti e Guido Viaro


A família de Guerino Soffiatti e amigos em Guaratuba, no litoral do Paraná, no inverno de 1941. Nesta foto, pertencente ao meu acervo, do lado esquerdo, de óculos, está meu bisavô Guerino Soffiatti. Ao seu lado, a tia-avó Diva Bührer Soffiatti, minha avó Olga Soffiatti Biscaia, minha bisavó Rosinha Klüppel Soffiatti e a tia-avó Helena Carolina Soffiatti. No colo de minha bisavó, está minha mãe, Maria do Rocio Soffiatti Biscaia. Atrás, de chapéu, o conhecido pintor Guido Viaro, amigo da família que passava temporadas hospedado na casa de Rosinha e Guerino, em Guaratuba, com seus familiares. 

Nesta foto, Guido Viaro aparece ao fundo à esquerda, sentado em frente ao seu cavalete, pintando uma tela embaixo de um guarda-sol, em Guaratuba, em fins dos anos 1930. Em primeiro plano estão meus bisavós Guerino e Rosinha Soffiatti. Logo atrás à direita, meus avós Olguinha e Mário Biscaia, entre outros familiares. (Foto do acervo do tio avô Amanzor Soffiatti e cedida pela prima Tânia Soffiatti).

Ao longo dessas temporadas em Guaratuba, Guido Viaro passava o tempo pintando paisagens locais, sendo que algumas dessas obras foram presenteadas à nossa família e se encontram em nosso acervo, até os dias atuais. Uma delas, datada de 1946, retrata minha mãe, ainda criança, sentada num banco ao lado de uma vizinha, em frente à casa dos meus bisavós, tendo por pano de fundo a belíssima baía de Guaratuba. Outra retrata o plano geral da baía de Guaratuba, visto da casa de meus bisavós, contendo o antigo trapiche e ao fundo a ilha do Rato e o morro do outro lado da baía, onde anos mais tarde seria construído o porto de passagem para a travessia Caiobá-Guaratuba por meio do ferry-boat.

Naquele tempo, a temporada de praia acontecia durante o inverno e era uma oportunidade para fugir do rigoroso frio curitibano. No verão, a "maleita" infestava nosso litoral e só foi erradicada após a segunda guerra mundial, com o despejo aéreo de enormes quantidades de inseticidas altamente tóxicos que afetaram a saúde de centenas de habitantes da região. Depois da erradicação dos focos desses insetos, as temporadas de veraneio no litoral começaram a atrair um número crescente de pessoas. Hoje milhões de veranistas lotam a orla litorânea do Paraná, todos os anos.

Guerino Soffiatti era frequentador de Guaratuba desde meados da década de 1920. Inicialmente, hospedava-se com sua família na antiquíssima Pensão Antonieta, após uma longa e atribulada viagem de trem à Paranaguá e de "diligência" até a prainha de Caiobá, onde embarcavam em canoas - pertencentes a um alemão de sobrenome Krüger - rumo à Guaratuba. Para avisar os canoeiros atracados em Guaratuba, da chegada dos viajantes que desejavam fazer a travessia, soltavam rojões na prainha de Caiobá.

Na foto, o ônibus tipo jardineira, da empresa Pássaro Azul, que ligava Paranaguá a Matinhos pela "estrada da Praia de Leste", entre os anos 1930/40. Como se observa nesta foto, ao longo do trecho entre  Praia de Leste e Matinhos, o ônibus rodava pela faixa de areia dura da praia, à beira mar, após a vazante da maré. Aqui, a jardineira aparece encalhada na areia da praia.

Os Soffiatti adquiriram a sua casa por volta de 1930, diante da baía de Guaratuba e partir disso, viajavam regularmente ao balneário. A casa era enorme, com dois pavimentos, e estava sempre cheia de convidados, parentes e visitantes. Segundo minha avó, a cozinha funcionava sem parar, o dia inteiro, para atender aos comensais. Essa casa ainda existe e pertence à família Soffiatti.

Além de amigos, meu bisavô Guerino Soffiatti Guido Viaro, eram ambos italianos da região do Vêneto: Guerino nasceu na província de Verona e Viaro na província de Rovigo. Outra curiosidade sobre aqueles tempos, é que meu bisavô jamais abjurou sua cidadania italiana e nunca se naturalizou brasileiro. Por isso, após a declaração de guerra do Brasil aos países do Eixo em agosto de 1942, ele precisava pedir autorização às autoridades policiais e obter um "salvo-conduto" para deslocar-se ao litoral, considerado área de segurança nacional em tempos de guerra. Conservando a cidadania italiana, transmitiu-a aos seus descendentes.    

(Clicar nas fotos para ampliar).      
      

Publicada em setembro/2010. Atualizada em fevereiro/2025.