terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Antonio Botelho Peralta e Joaquim Teixeira de Castro: Dois Médicos Portugueses

Ruínas da freguesia de Santana das Palmeiras - Serra do Tinguá - Nova Iguaçu (RJ)

Algumas das questões que suscitaram dúvidas em minhas pesquisas sobre o trisavô Antonio Botelho Peralta foram: o motivo de sua vinda para o Brasil e a época correta de sua chegada. Em geral, além das imigrações em grande escala para a colonização, como ocorreu no sul do Brasil, no século XIX, com os alemães, italianos, poloneses e outras etnias europeias e orientais, as pessoas só deixavam seu torrão natal, voluntariamente, por motivos muito poderosos como a miséria, as guerras, as perseguições políticas ou religiosas e, mais raramente, por uma boa oportunidade de trabalho ou negócios. No caso de meu trisavô Peralta, que era médico-cirurgião, a última opção é a mais provável.

Pelo menos num livro em que pesquisei, o autor afirma que foi Antonio Botelho Peralta quem convidou o médico Joaquim Teixeira de Castro – depois, visconde de Arcozelo¹ – para vir ao Brasil exercer a profissão na região de Paty do Alferes. Sabe-se que, na segunda metade do século XIX, a região da serra fluminense e do vale do Paraíba vinha prosperando muito com um comércio variado e a cultura extensiva de café em grandes fazendas. Neste cenário, os cuidados da medicina eram cada vez mais demandados na região, o que oferecia boas oportunidades de trabalho para estes profissionais. E foi o que se deu com ambos.

Joaquim Teixeira de Castro, nasceu na cidade do Porto, em 1825. Há uma referência de que em 1849 já estivesse no Brasil, como médico residente da fazenda Monte Alegre, do barão de Paty do Alferes. Outras fontes, dão conta que teria chegado em 1853, para esta mesma função. O fato, certo e incontroverso, é que ele se casou, em 25/07/1855, com Maria Isabel Peixoto de Lacerda Werneck, filha dos barões de Paty. 

Antonio Botelho Peralta, também nasceu em Portugal, na vila de Resende, no Viseu, em 1833. Em 1855, ainda cursava a Escola Médico-Cirúrgica do Porto, onde concluiu seus estudos e diplomou-se em 14 de setembro de 1857. Assim, não seria possível que o Dr. Peralta convidasse Teixeira de Castro para vir ao Brasil, pois, este já se encontrava aqui antes de sua diplomação. Deu-se, talvez, o contrário e tenha sido o futuro visconde quem convidou meu trisavô a vir trabalhar no Brasil? Seria possível, ainda, que tivessem se conhecido na escola de medicina do Porto, em períodos diferentes de estudo e Teixeira de Castro tenha vindo antes e convencido Peralta a vir anos depois? Ou, teriam eles se conhecido anteriormente em Portugal?

Meu trisavô, com toda certeza, chegou ao Brasil entre os últimos meses do ano de 1857 (logo após sua diplomação) e os primeiros meses de 1858, junto com sua esposa, Maria Adelaide de Burgos Chapuzet Villet. Na página 119, da edição do ano de 1859 do famoso Almanak (elaborado com os dados disponíveis do ano anterior) que era publicado anualmente pelos irmãos Laemmert desde 1844 até 1889, consta que o Dr. Antonio Botelho Peralta era o único médico na então próspera freguesia de Santana das Palmeiras, na serra do Tinguá, situada ao longo da estrada do Comércio, no antigo município de Iguassu (RJ). Mais tarde, o Dr. Peralta e o visconde de Arcozelo tornaram-se, também, fazendeiros de café.

Seja como for, a amizade entre estes dois médicos e suas famílias foi verdadeira e histórica em Paty do Alferes. A viscondessa de Arcozelo, no conhecido diário que escreveu, refere-se ao Dr. Peralta, o médico da família, como compadre³ e relata a grande proximidade das duas famílias e as frequentes visitas do casal Werneck Teixeira de Castro e seus filhos à vizinha fazenda Pantanal², propriedade da família Peralta.


¹ Joaquim Teixeira de Castro foi nomeado visconde de Arcozelo, pelo rei de Portugal, Dom Luís I, por decreto de 13/05/1874. Cf. Wikipedia. 
² No local onde existia a Fazenda Pantanal, em Miguel Pereira (RJ), hoje funciona a Escola Municipal Pantanal, em homenagem à memória do Dr. Peralta e sua família. 
³  A viscondessa de Arcozelo era madrinha de batismo de meu bisavô Valdomiro Villet Peralta, batizado na matriz de Nossa Senhora da Conceição de Paty do Alferes, em junho de 1878. Nesta cerimônia, o visconde de Arcozelo, representou por procuração, Ludgero José Villet, que era o padrinho do meu bisavô.

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