quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Família Peralta, Villet¹ e Chapuzet: Uma História Entre Dois Mundos

Quanto mais mergulhamos na história, mais dúvidas e surpresas encontramos, mesmo na história de família. Recebi de um primo distante e atencioso, Atalives Peralta Pimenta, que reside na vila de Resende, em Portugal, cópia certificada do diploma do trisavô Antonio Botelho Peralta, expedido em 1857, pela Escola Médico-Cirúrgica do Porto. Enviou, ainda, informações do arquivo distrital do Viseu sobre os pais do meu trisavô, Josefa Tommasia e Alexandre Botelho Peralta e sobre o seu único irmão, Luiz Botelho Peralta, nascido em 1829, que permaneceu em Portugal. Por muito tempo, minhas informações eram quase todas havidas da tradição familiar, muitas vezes incompletas ou imprecisas, como a que dava como certo que este trisavô havia se formado na Universidade de Coimbra, até que encontrei o registro do seu diploma no Brasil.

Quanto ao trisavô Antonio Botelho Peralta, é certo que veio de Portugal casado com Maria Adelaide de Burgos Chapuzet Villet, nascida na freguesia de Santo Ildefonso, na cidade do Porto. Era filha de Ludgero José Villet e Roza Adelaide de Burgos. Ludgero José Villet era sobrinho, por parte de mãe, do brigadeiro João da Matta Chapuzet. Ludgero José Villet, pai, foi oficial de infantaria do exército português. Esteve expatriado em Bruges e Ostende, na Bélgica, e em Dunquerque, na França, entre 1828 e 1833, junto com seu tio materno, então coronel, João da Matta Chapuzet, durante o período da guerra civil, que se seguiu à usurpação por D. Miguel, do trono de D. Maria II, filha de D. Pedro I do Brasil (D. Pedro IV de Portugal), a quem juraram lealdade. Voltou a Portugal, no início de 1833, estabelecendo-se na cidade do Porto e casou-se com Roza Adelaide de Burgos.    

João da Matta Chapuzet, irmão da mãe de Ludgero José Villet, foi um renomado engenheiro e arquiteto militar do seu tempo. Combateu na guerra peninsular contra a ocupação napoleônica, quando foi muito condecorado. Em 1816, foi promovido de major à tenente coronel, servindo junto ao Quartel Mestre General, o chefe do estado maior do Exército. Em 1821, comandava o Forte de São Julião da Barra, a maior fortificação marítima portuguesa. Foi nomeado, por Dom João VI, governador de Cabo Verde, entre 1822 e 1826. Era engenheiro e arquiteto militar e foi responsável por uma grande modernização na capital do arquipélago, a cidade da Praia. Durante este período, o alferes Ludgero José Villet, era o ajudante de campo do governador, tendo acompanhado João da Matta Chapuzet por um longo período em seu serviço militar. Seu último cargo público foi o de governador militar de Elvas, a maior cidade fortificada da Europa, entre 1838 e 1840. O brigadeiro João da Matta Chapuzet nasceu na freguesia da Lapa, em 1777, em Lisboa, onde faleceu, em 08/08/1842.

¹ Nos registros militares de Ludgero José Villet, nos arquivos do Exército português, seu nome consta com as seguintes grafias: VilletVillete, Villeti e Vilete. Em pelo menos um documento militar que consultei, Ludgero assinava de próprio punho seu sobrenome como Villete. No registros de nascimento e de casamento da trisavó Maria Adelaide o sobrenome dela e de seu pai, Ludgero constam como Villet. 

P.S.: Este post foi atualizado em vista das pesquisas realizadas em Portugal, na Biblioteca Nacional, e pelos documentos enviados pelo primo Atalives Peralta Pimenta, os quais revelaram que Ludgero José Villet era sobrinho de João da Matta Chapuzet, filho de sua irmã, Marianna Gertrudes Chapuzet Villet, nascida na cidade de Lisboa. Ao longo de sua carreira militar, Ludgero José Villet acompanhou o tio em vários cargos e no seu exílio de cinco anos, durante o período da usurpação do trono português por D. Miguel. Ludgero José Villet foi oficial do exército de Dom Pedro IV e combateu ao lado deste na revolução liberal do Porto. Foi transferido para a reserva no posto de capitão.  

a) Um irmão de Maria Adelaide, homônimo do pai, Ludgero José Villet, também, veio para o Brasil. No Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, edição de 1863, na página 639, consta que havia uma fábrica de cigarros e charutos, sob firma de Ludgero José Villet & Cia., na rua de Bragança, número 5). Este irmão casou-se em agosto de 1868, em Niterói, com Emília Mercês de Freitas. Ele faleceu em julho de 1884, aos 43 anos, vítima de tuberculose.

b) Em minhas pequisas encontrei Luiz de Burgos Villet que, em 1900, servia na brigada policial do Distrito Federal. Faleceu no Rio de Janeiro,tendo sido sepultado no cemitério do Carmo, em 23/12/1920. Não tenho qualquer informação de quem ele seria. Possivelmente seria sobrinho da trisavó Maria Adelaide, talvez filho de seu irmão Ludgero, referido acima.  
                                     

4 comentários:

Luiz C. Biscaia disse...

Caro Arthur,
parabéns pelo seu blog do qual apenas tenho a lamentar por conhecer somente agora. Em especial, agradeço pela inserção da foto na qual consta (nossa) vó Finita. Abraços do Luiz Claudio.

ARTHUR CARLOS PERALTA disse...

Obrigado, primo. Um grande abraço.

Unknown disse...

Oi Primo , sou Gabriel Catharino Peralta , seu penúltimo primo , o mais novo é meu irmão Sávio , filho do seu Tio Cláudio . Adoro ler cada história postada no blog e aproveito , também , para "matar" um pouco da saudade da vó Dyrce . Continue sempre atualizando . Um grande beijo .

Gabriel Catharino Peralta
Niterói-RJ

ARTHUR CARLOS PERALTA disse...

Obrigado, Gabriel. Um beijo para você, também.