![]() |
A Igreja Matriz de Nossa Senhora do Bonsucesso, no início da década de 1930. |
![]() |
Minha avó Olga Biscaia à direita e a tia-avó Diva Bührer Soffiatti, ao centro. Atrás, Laura Klüppel, prima de minha avó. Foto do início da década de 1940.![]() |
Meus avós Olga e Mario Chalbaud Biscaia, em trajes de saída de banho, no início dos anos 1940.
|
![]() |
Nas duas fotos acima, minha avó Olguinha e minha mãe, Maria do Rocio Biscaia, em 1941. À direita, o casal Yara e Carlos Orlando Loyola (Xanga), ela prima de minha avó.
|
![]() |
Eu, no colo de minha avó Olga Biscaia. Ao lado, minha bisavó Rosinha Klüppel Soffiatti e meu tio Mario Chalbaud Biscaia Junior, na varanda da casa de Guaratuba, em julho de 1962. |
Situada num amplo terreno, era espaçosa e confortável. Tinha paredes externas de lambris de madeira dupla horizontal (como as casas norte-americanas) e era pintada de marrom, com janelas, portas e colunas brancas por fora. Por dentro, tinha as cores da moda da época de sua construção: a sala grande era verde clara e havia quatro quartos, um azul; outro verde-escuro; outro amarelo e o quarto rosa, que pertencia aos meus avós. A cozinha era vermelha. Nos fundos, havia uma edícula com garagem e mais dois quartos, no mesmo estilo da casa. Mais tarde, meu tio, Arthur da Silva Leme Neto, mandou construir uma nova e ampla edícula nos fundos do terreno, com uma churrasqueira. Nessa casa, desfrutei de quase todas as férias de minha infância e juventude, por dezenas de verões e invernos.
A casa ao lado, construída pouco antes e projetada pelo famoso arquiteto paranaense Lolô Cornelsen, pertencia aos tios-avós, Maria José (Zezé) Biscaia de Macedo e Tobias de Macedo Junior, padrinhos de minha mãe, Maria do Rocio Soffiatti Biscaia. Tia Zezé era irmã de meu avô Mário Biscaia e eram inseparáveis. Por muitos anos, não existiu muro entre estas casas. Foi este mesmo tio avô, apelidado Biluzinho, que atravessou pela primeira vez um automóvel (um Studebaker) pela baía de Guaratuba, em cima de uma balsa improvisada, em meados da década de 1940.
Conheci o balneário já na era do ferry-boat, que ainda hoje* é o único meio de transporte de veículos e pessoas entre Caiobá e Guaratuba e foi inaugurado em 1960. Sempre fiquei maravilhado com a travessia dessa linda baía, quando criança. As embarcações eram batizadas com nomes de rios do Paraná: Iguaçu, Tibagi, Ivaí, estes os mais antigos de que me lembro. Depois vieram os maiores e mais modernos: Piquiri, Guaraguaçu e Nhundiaquara.
Antes do ferry só se chegava à cidade de carro pela rodovia Garuva-Guaratuba, através de Santa Catarina. A estrada foi rasgada no fim dos anos 1940 e inaugurada em 1950 e, até meados da década de 1970, não era asfaltada. Muito antes, desde a infância, minha avó Olguinha Biscaia já frequentava Guaratuba com seus pais, Rosinha e Guerino Soffiatti. Iniciaram suas idas a Guaratuba na década de 1920 e, pouco depois, adquiriram sua própria casa defronte à baía. Naqueles tempos, a travessia da baía se fazia em canoas, desde a prainha de Caiobá.
Guaratuba só despertou para o turismo, tornando-se um importante balneário, depois da segunda guerra mundial, quando foram finalmente erradicados os focos de malária (ou maleita, como dizia minha avó) que infestava o litoral paranaense. Até fins da década de 1940, nossa família só frequentava Guaratuba durante o inverno, quando não havia mosquitos. Para nós, a antiga cidade litorânea era um segundo lar. Minha bisavó Rosinha Klüppel Soffiatti, após o falecimento do bisavô Guerino Soffiatti, passou a residir permanentemente no balneário, nos seus últimos anos de vida, onde era muito querida e tinha inumeráveis afilhados.
As fotos acima, em cenários bucólicos e de praia quase deserta, onde aparecem meus avós, familiares e amigos, falam por si mesmas desses longínquos primeiros tempos de Guaratuba como cidade balneária, pelos anos de 1930 e 1940. Nas fotos acima, a bela baía de Guaratuba, na atualidade.
A casa ao lado, construída pouco antes e projetada pelo famoso arquiteto paranaense Lolô Cornelsen, pertencia aos tios-avós, Maria José (Zezé) Biscaia de Macedo e Tobias de Macedo Junior, padrinhos de minha mãe, Maria do Rocio Soffiatti Biscaia. Tia Zezé era irmã de meu avô Mário Biscaia e eram inseparáveis. Por muitos anos, não existiu muro entre estas casas. Foi este mesmo tio avô, apelidado Biluzinho, que atravessou pela primeira vez um automóvel (um Studebaker) pela baía de Guaratuba, em cima de uma balsa improvisada, em meados da década de 1940.
Conheci o balneário já na era do ferry-boat, que ainda hoje* é o único meio de transporte de veículos e pessoas entre Caiobá e Guaratuba e foi inaugurado em 1960. Sempre fiquei maravilhado com a travessia dessa linda baía, quando criança. As embarcações eram batizadas com nomes de rios do Paraná: Iguaçu, Tibagi, Ivaí, estes os mais antigos de que me lembro. Depois vieram os maiores e mais modernos: Piquiri, Guaraguaçu e Nhundiaquara.
Antes do ferry só se chegava à cidade de carro pela rodovia Garuva-Guaratuba, através de Santa Catarina. A estrada foi rasgada no fim dos anos 1940 e inaugurada em 1950 e, até meados da década de 1970, não era asfaltada. Muito antes, desde a infância, minha avó Olguinha Biscaia já frequentava Guaratuba com seus pais, Rosinha e Guerino Soffiatti. Iniciaram suas idas a Guaratuba na década de 1920 e, pouco depois, adquiriram sua própria casa defronte à baía. Naqueles tempos, a travessia da baía se fazia em canoas, desde a prainha de Caiobá.
Guaratuba só despertou para o turismo, tornando-se um importante balneário, depois da segunda guerra mundial, quando foram finalmente erradicados os focos de malária (ou maleita, como dizia minha avó) que infestava o litoral paranaense. Até fins da década de 1940, nossa família só frequentava Guaratuba durante o inverno, quando não havia mosquitos. Para nós, a antiga cidade litorânea era um segundo lar. Minha bisavó Rosinha Klüppel Soffiatti, após o falecimento do bisavô Guerino Soffiatti, passou a residir permanentemente no balneário, nos seus últimos anos de vida, onde era muito querida e tinha inumeráveis afilhados.
As fotos acima, em cenários bucólicos e de praia quase deserta, onde aparecem meus avós, familiares e amigos, falam por si mesmas desses longínquos primeiros tempos de Guaratuba como cidade balneária, pelos anos de 1930 e 1940. Nas fotos acima, a bela baía de Guaratuba, na atualidade.
(*) Neste ano de 2024 foram iniciadas as obras de construção de uma ponte rodoviária sobre a baía de Guaratuba, com previsão de conclusão em dois anos. Minha avó Olguinha dizia que já se falava de tal ponte, desde que começara a visitar Guaratuba, em meados da década de 1920. A Constituição do Estado do Paraná de 1989 previu, no artigo 36 das suas disposições transitórias, a construção da referida ponte.
Publicado em 19/03/2011.